Nesta entrevista exclusiva, trazemos à luz os aspectos mais importantes da conversa com o Cônsul de Cuba, Pedro Monzón, notável representante diplomático de Cuba. Em uma ocasião especial, em preparação para o Dia Nacional da Cultura Cubana, que ocorre no próximo dia 20 de outubro, o Cônsul compartilhou conosco sua visão sobre questões cruciais, desde o impacto do bloqueio econômico dos Estados Unidos na economia cubana até os principais parceiros comerciais de Cuba e o desafio de manter relações internacionais em face de obstáculos significativos.
Navegue conosco por este diálogo informativo e revelador sobre Cuba, sua cultura rica e o contexto global em que este país se encontra.
Entrevista com o Cônsul de Cuba, Pedro Monzón, realizada com a colaboração de João Pedrosa e por Alan Ferreira do Portal de Notícias da Baixada Santista
Como o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos da América (EUA) prejudica a economia cubana?
Resposta: O bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba, que já dura mais de 60 anos, tem tido um impacto muito sério no país. Isso porque prejudica seriamente não apenas as relações bilaterais de Cuba com esse país, mas com o mundo inteiro, pois sanciona diretamente as empresas de qualquer país que tenha algum vínculo econômico, comercial ou financeiro com os Estados Unidos, violando abertamente a soberania de todos os países do mundo. Os Estados Unidos bloqueiam a entrada de petróleo em Cuba, impõem fortes proibições e restrições ao desenvolvimento do turismo em Cuba, bloqueiam o acesso de Cuba a qualquer financiamento externo, bloqueiam o acesso de Cuba a medicamentos e instrumentos médicos, a tecnologias modernas e muitas outras punições injustas.
Quais são os principais parceiros comerciais de Cuba hoje?
Resposta: Os dez principais parceiros comerciais de Cuba são Venezuela, China, Espanha, Canadá, Rússia, México, Países Baixos, Itália, Argentina e Brasil. Em 2022, os parceiros com o maior crescimento foram Brasil, Venezuela, Espanha e Rússia.
Apesar dos EUA tentarem isolar Cuba intencionalmente, sabemos que Cuba possui muitos aliados no mundo. Cuba mantém relações diplomáticas com quantos países hoje?
Resposta: Cuba tem relações com 197 países e organizações internacionais. Por sua vez, 114 missões diplomáticas estrangeiras estão sediadas no país. No entanto, embora as relações com a maioria dos países do mundo sejam boas ou muito boas, o bloqueio econômico, comercial e financeiro dos EUA contra Cuba, devido ao seu alcance extraterritorial, tem sérias repercussões para as empresas de todo o mundo que tenham algum interesse ligado ao capital ou ao comércio com os Estados Unidos, mesmo que estejam localizadas em países amigos, pois podem ser sancionadas com pesadas multas. Por outro lado, a grande maioria dos países que compõem a Assembleia Geral das Nações Unidas votou a favor da Resolução Cubana intitulada “Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”. Em 2022, 185 países votaram a favor dessa resolução cubana. O apoio a Cuba contra o bloqueio também foi reiterado por organizações internacionais como o Grupo dos 77+China, a Organização dos Países Não Alinhados, a CARICOM, a ALBA TCP, o Grupo de Puebla, o Foro de São Paulo e a CELAC.
Cuba foi colocada na lista de países patrocinadores do terrorismo internacional. Como esse fato afeta a economia e as relações internacionais de Cuba?
Resposta: Cuba, muito injustamente, foi colocada nessa lista ilegal e espúria que é o resultado da arrogância dos Estados Unidos. Os próprios políticos norte-americanos, os presidentes que apoiaram essa decisão atroz, Trump e Biden, e o mundo inteiro sabem que essa decisão constitui uma grande injustiça e tem o infame propósito de prejudicar economicamente Cuba. Como os Estados Unidos são uma grande potência econômica, política e militar e têm grande influência no mundo em vários campos, essa listagem ilegal é respeitada e temida por muitas empresas e bancos que evitam fazer transações com Cuba porque podem ser identificados como promotores do terrorismo. Por esse motivo, Cuba agora tem inúmeras dificuldades para transferir qualquer tipo de moeda, pagar e receber pagamentos por serviços e produtos. O objetivo é nos sufocar.