Especialista explica quais os riscos da doença e sinais de alerta
Uma virose causada pelo norovírus, identificada em amostras analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz na capital paulista, tem preocupado as autoridades de saúde na Baixada Santista. A doença, que provoca sintomas como vômitos, náuseas, diarreia e febre, embora geralmente não seja grave, requer atenção redobrada quando afeta crianças. Essas, juntamente com idosos, estão no grupo mais vulnerável ao risco de desidratação, explica a infectologista Fátima Porfírio, do Hospital e Maternidade Sepaco, referência em atendimento materno-infantil.
“Nas crianças, especialmente nas menores, a desidratação pode ocorrer rapidamente e, se não tratada de forma adequada, evoluir para complicações mais graves, como confusão mental, redução na pressão arterial, insuficiência renal e distúrbios no balanço de eletrólitos”, alerta a médica.
Sinais de alerta e medidas imediatas
Os pais devem ficar atentos a sinais como prostração, choro sem lágrimas, boca seca e redução do volume de urina. “Caso a criança apresente episódios frequentes de vômitos e diarreia, é essencial buscar atendimento médico para evitar agravamentos,” reforça Fátima.
Em casos raros, quando os sintomas persistem por vários dias, pode ocorrer desnutrição. Para evitar complicações, a principal recomendação é manter a hidratação adequada. “Soro caseiro, soluções de reidratação oral disponíveis em farmácias ou postos de saúde, água, chás e água de coco são boas opções,” orienta a infectologista.
Gelatinas e picolés de frutas podem ser alternativas para hidratar e aliviar o desconforto. Fátima também destaca que, ao contrário de práticas antigas, as crianças não devem ficar em jejum: “É importante oferecer alimentos leves, como arroz, legumes e carnes magras, evitando frituras e alimentos processados.”
Prevenção é fundamental
Para crianças e adultos não contaminados, adotar cuidados preventivos é essencial. O norovírus é transmitido principalmente pela via fecal-oral, por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados.
Entre as recomendações estão:
- Verificar a procedência dos alimentos, priorizando os embalados adequadamente, como os que utilizam tecnologia Tetra Pak.
- Evitar alimentos preparados por ambulantes ou expostos ao sol por longos períodos, especialmente em praias.
- Lavar as mãos com frequência, especialmente após usar o banheiro, antes das refeições e ao trocar fraldas.
“Esses hábitos de higiene, válidos para todas as faixas etárias, são essenciais para evitar o contágio,” afirma a médica.
Norovírus e vacinação
Diferentemente do rotavírus, que também provoca sintomas gastrointestinais e possui vacina, ainda não há imunização disponível contra o norovírus. Por isso, reforçar as práticas de higiene pessoal e alimentar é crucial, especialmente neste período do ano, quando há maior circulação de pessoas entre as cidades.
“A virose tende a se espalhar com o retorno das pessoas que visitaram a Baixada Santista para suas cidades de origem. Adotar medidas de precaução pode reduzir significativamente o risco de disseminação,” conclui Fátima Porfírio.