Representantes do G20, composto pelas 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia (UE) e União Africana (UA), chegaram a um consenso sobre a importância das desigualdades socioeconômicas e, na segunda-feira (22), emitiram a primeira declaração ministerial desde o início da guerra na Ucrânia. Sob a presidência do Brasil, os países se comprometeram a colocar a sustentabilidade e a transição ecológica no centro da agenda internacional.
O encontro ministerial, co-presidido por Mauro Vieira (Relações Exteriores), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), e Jader Filho (Cidades), enfatizou, além da redução das desigualdades, o acesso universal à água e saneamento básico e a cooperação trilateral para o desenvolvimento dos países. O Brasil defende que as nações mais ricas financiem o combate à fome e à pobreza no mundo.
“Para alcançar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é essencial que os países se mobilizem para garantir recursos financeiros internacionais. Apelo para que os países se esforcem no desenvolvimento de mecanismos que viabilizem esses recursos,” afirmou Vieira.
Em seu discurso, o chanceler brasileiro lamentou os níveis atuais de desigualdade social, tanto entre quanto dentro dos países. “O mundo está cada vez mais desigual. O 1% mais rico ficou com quase dois terços da riqueza gerada em 2020, segundo a Oxfam. Os 10% mais ricos são responsáveis por metade das emissões de carbono. Em 2020, vimos um aumento da desigualdade global pela primeira vez em décadas, com um incremento de 0,7% no índice Gini global,” destacou.
Vieira também reafirmou o compromisso do Brasil com a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ele listou as ações do governo Lula voltadas para a transição ecológica e o combate à fome e à miséria, incluindo o Programa Bolsa Família, o Plano Brasil sem Fome, o Plano de Transformação Ecológica, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal e o Plano de Aceleração do Crescimento.
O consenso ministerial do G20 é resultado da diplomacia brasileira, que conseguiu evitar que declarações conjuntas sobre conflitos internacionais fossem incluídas no grupo de trabalho. “Alguns membros e outros participantes consideraram que essas questões têm impacto na economia global e devem ser tratadas no G20, enquanto outros não acreditam que o G20 seja o fórum adequado para discuti-las,” explicou o documento.
Segundo o UOL, fontes do Ministério das Finanças da Alemanha informaram nesta terça-feira (23) que a proposta do Brasil de taxar bilionários ainda não é consenso. Os debates “não estão nem perto de um consenso”, com os alemães focando em evitar a ocultação de patrimônio e a evasão fiscal.
Em junho, o Brasil apresentou ao G20 a proposta de tributação das grandes fortunas, elaborada pelo economista francês Gabriel Zucman, professor da Escola de Economia de Paris e da Universidade da Califórnia. Zucman sugere que o modelo progressivo afetaria apenas 3 mil pessoas no mundo, arrecadando anualmente entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões.