Glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo

Glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo
Glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível no mundo

Conscientizar as pessoas sobre os riscos e a necessidade de prevenção e controle do glaucoma, uma neuropatia óptica grave, que provoca perda irreversível do campo visual e, muitas vezes, somente é percebida pelo paciente em estado avançado – quando parte da visão já está perdida – é o objetivo da campanha Maio Verde, instituído a partir do decreto-lei n°10.456, de 13 de maio de 2002, que estabeleceu a data 26 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. A doença é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a primeira causa de cegueira permanente no mundo todo.

Segundo Ricardo Yuji Abe, especialista em Glaucoma no Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), o glaucoma tem como característica não apresentar sintomas, podendo levar meses – ou mesmo anos – para que a pessoa venha a notar alguma alteração no campo de visão. Ele afirma que o paciente se o paciente deixar para procurar somente quando sentir alguma dificuldade para enxergar, pode ser tarde demais. “Quando essa alteração se apresenta, isso significa que já houve um comprometimento importante das fibras nervosas e não há como recuperar o campo visual perdido. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da doença ajudam a controlar a evolução do quadro e evitar a queda na qualidade visual do paciente”, complementa.

O oftalmologista explica que o glaucoma afeta o nervo óptico e é uma condição degenerativa. De acordo com ele, o aumento da pressão intraocular é o principal – mas não exclusivo – culpado.  “Na verdade, a doença pode ocorrer também em pessoas com pressão intraocular normal, já que há outros fatores de risco relevantes, como idade, alta miopia, diabetes, histórico familiar, uso excessivo de medicamentos à base de corticoides e outras condições médicas”, observa o Dr. Yuji Abe. De acordo com ele, afrodescendentes também são mais suscetíveis ao glaucoma, inclusive às formas de mais difícil controle. “Simplificando, glaucoma e hipertensão ocular não são sinônimos”, explica.

Embora não tenha cura, o glaucoma pode ser controlado com tratamento adequado e contínuo, fazendo com que a perda da visão seja interrompida. Em grande parte dos casos, é necessário o uso de colírios diariamente para controle, que deve ser acompanhado pelo médico. Recentemente, o especialista participou de um estudo – realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com a colaboração do HOB – que demonstrou que pacientes com glaucoma que utilizam três ou quatro classes de drogas de glaucoma apresentam maior ressecamento nos olhos e sentem mais desconforto ocular, comparado com um grupo de pacientes utilizando uma ou duas classes de drogas.  Outra conclusão do estudo é que pacientes em uso de três ou quatro classes de colírios tiveram pior adesão pois; ou têm dificuldade em enxergar os fármacos e, assim, não os utilizam corretamente; ou então se esquecem de aplicá-los. “Este estudo reforça a importância de tentarmos simplificar o regime de tratamento dos pacientes e a utilidade de modalidades como o laser (fototrabeculoplastia – SLT) e microcirurgias para controle do glaucoma, visando a redução do número de colírios”, ressalta o Dr. Yuji Abe.

Dados da International Agency for Blindeness Preventions estimam que em 2040 mais de 118 milhões de pessoas terão sido diagnosticadas com glaucoma no mundo. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Glaucoma acredita que a patologia atinge mais de 2 milhões de indivíduos. Com o avanço de novas tecnologias, hoje é possível oferecer ao paciente um tratamento mais moderno, com aplicação de laser ou procedimento cirúrgico. “Fundamental é que o check-up oftalmológico seja realizado anualmente, pois isso possibilita o diagnóstico precoce de diversas patologias oculares, proporcionando um tratamento adequado para os pacientes”, conclui o Dr. Ricardo Yuji Abe.

 

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