Acesso à Cannabis medicinal cresce e exige segurança

Acesso à Cannabis medicinal cresce e exige segurança
Acesso à Cannabis medicinal cresce e exige segurança

O acesso à Cannabis medicinal no Brasil atingiu novo patamar em 2025. De acordo com o Anuário da Cannabis Medicinal 2025, mais de 873 mil pessoas utilizaram produtos derivados da planta ao longo do ano em seus tratamentos para a saúde. A ampliação representa um aumento de 30% em relação a 2024.

Os dados revelam uma ampliação significativa do uso terapêutico no país, que completa uma década desde a primeira regulamentação de importação excepcional estabelecida pela RDC 17/2015. Esta resolução estabeleceu os critérios para a importação excepcional de medicamentos à base de Canabidiol (CBD). E foi considerada como um passo fundamental para garantir o acesso de pacientes brasileiros a tratamentos para diversas condições, como epilepsia refratária, dor crônica e condições neurológicas. A partir daí, o país passou a trilhar um caminho pela crescente demanda por alternativas terapêuticas à base de Cannabis.

Importações permanecem como principal via de acesso de Cannabis medicinal

Em 2022, houve a publicação da RDC 660, que substituiu a RDC 17, modernizando o processo de importação. A digitalização dos pedidos e a eliminação da exigência de autorização prévia tornaram o acesso mais ágil e desburocratizado. A norma também permitiu a importação por pessoas físicas e jurídicas, tornando o processo mais flexível. No mesmo ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atualizou sua plataforma de importação e passou a reconhecer os cirurgiões-dentistas como profissionais habilitados a prescrever Cannabis. Com isso, essa classe passou a incorporar o uso de fitocanabinoides nos tratamentos voltados à saúde bucal.

Atualmente, é por meio desta via de importação o principal canal utilizado pelos pacientes brasileiros que buscam extratos, óleos e formulações com padronização laboratorial.

Para Ana Gabriela Baptista, CEO da TegraPharma, empresa norte-americana que realiza acesso a produtos de Cannabis medicinal em diversos países, inclusive no Brasil, o avanço dos dados revela um momento estratégico. "Os números mostram que o Brasil vive uma fase de consolidação da terapia com Cannabis, com mais pacientes e mais prescritores informados. As importações desempenharam papel imprescindível ao garantir acesso seguro e padronizado, especialmente em um período de transição regulatória. Hoje, a terapia está mais integrada ao cuidado em saúde e mostra potencial de crescimento ainda maior nos próximos anos".

Segundo o Anuário, os produtos importados são identificados por ampliar o repertório terapêutico disponível no país e por serem submetidos a análises independentes de alta precisão, rastreabilidade e conformidade técnica. E, segundo Ana Gabriela, o nível de controle resulta em formulações mais consistentes, o que contribui para maior confiança dos profissionais de saúde e melhores resultados clínicos para os pacientes.

Neste cenário, Ana Gabriela reforça que, quando se fala de produtos de Cannabis importados, trata-se de um padrão de qualidade elevado. "Os fabricantes seguem protocolos internacionais rigorosos, do cultivo à extração, que asseguram pureza, segurança e consistência em cada lote. A excelência permite oferecer ao paciente um produto confiável, rastreável e com resultados terapêuticos previsíveis. No Brasil, mesmo com os desafios, a importação possibilita que muitos pacientes tenham acesso a diferentes formulações e apresentações de produtos produzidos com tecnologia avançada e controles robustos, o que faz toda a diferença no tratamento", pontua a especialista.

O cenário se confirma nos números. Em 2025, segundo o relatório, a projeção é de aproximadamente 200 mil pedidos de importação, o maior volume desde o início das autorizações. O ritmo médio supera 500 solicitações diárias. E no mês de junho, o Brasil registrou mais de 17 mil novos pacientes por meio da importação, estabelecendo um recorde mensal. O marco é atribuído à consolidação do reconhecimento clínico da terapia e ao avanço da prescrição médica via telemedicina, que, como defende o report, ampliou o acesso de pacientes em diferentes regiões do país.

Perspectivas para os próximos anos

As projeções do material indicam continuidade na expansão da Cannabis medicinal no país, impulsionada pelo amadurecimento regulatório, pela entrada de novos profissionais na prescrição e pela ampliação dos canais de acesso, especialmente importações. A tendência principal, segundo Ana Gabriela, é que a Cannabis medicinal deixe de ser vista como uma terapia complementar. E passa a ocupar espaço mais estruturado dentro das linhas de cuidado.

Ao encontro da avaliação da especialista, esta revisão global int titulada "Cannabis medicinal: de avanços em pesquisas a mudanças na percepção pública e garantia de uso seguro" documenta como a Cannabis passou de substância estigmatizada para medicamento reconhecido, com pesquisas recentes, mudanças regulatórias e impacto na aceitação pública e médica. E inclui tanto o acompanhamento de pacientes crônicos quanto o suporte a condições neurológicas, inflamatórias e psiquiátricas, observadas no crescimento contínuo de prescrições nos últimos anos. "O avanço que estamos vivendo deve consolidar a Cannabis medicinal como parte do cuidado em saúde. Cada vez mais médicos, dentistas e veterinários irão incorporar essa alternativa terapêutica à sua prática, sempre amparados por evidências científicas e protocolos de segurança", afirma.

Ela destaca que o papel da ciência continuará sendo determinante para orientar o crescimento do setor e garantir a proteção dos pacientes: "É a ciência quem guia esse processo. À medida que novos estudos, revisões sistemáticas e dados clínicos se acumulam, profissionais de diferentes áreas passam a ter mais segurança para prescrever e acompanhar seus pacientes. Isso tem impacto direto no acesso, na adesão e na qualidade do tratamento".

Com a consolidação de políticas públicas, ampliação do acesso regulamentado e maior preparo dos profissionais da saúde, a expectativa é que o Brasil avance para um modelo mais estruturado, transparente e baseado em evidências, permitindo que um número crescente de pessoas possa se beneficiar de forma segura da terapia com Cannabis medicinal. "É o que todos do mercado almejamos em prol dos pacientes", conclui a especialista.

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