Celebrando o Dia Nacional da Cultura Cubana: Uma Conversa com a Dra. Elisabeth dos Santos Tavares

No dia 20 de outubro, a cidade de Santos se prepara para uma celebração especial em homenagem ao Dia Nacional da Cultura Cubana. Este evento, que ocorrerá na data emblemática, é um tributo à rica herança cultural de Cuba e uma oportunidade para compartilhar e apreciar os aspectos únicos que definem a identidade artística e histórica deste país caribenho. Neste contexto, tivemos o privilégio de entrevistar a Dra. Elisabeth dos Santos Tavares, doutora em Educação pela PUC SP, para discutir a importância da Cátedra Latino-Americana Paulo Freire, criada na Universidade Cubana em setembro de 2023, e a relevância da educação libertadora. A entrevista, conduzida por Alan Ferreira do Portal de Noticias da Baixada Santista, com a colaboração de João Pedrosa, promove uma reflexão profunda sobre a cátedra, seu significado e as ações planejadas, bem como aborda as animosidades em relação ao legado de Paulo Freire.

Qual a importância da Cátedra Latino-Americana Paulo Freire, que foi criada em 19 de setembro de 2023 na universidade cubana?

A Cátedra Latino-Americana Paulo Freire tem como objetivo aprofundar a cooperação acadêmica entre pesquisadores e estudiosos da obra de Paulo Freire do Brasil e de países da América Latina e do Caribe, aberta à participação de todos aqueles que assim desejarem. O acolhimento da Universidade de Ciências Pedagógicas Enrique José Varona decorreu por termos relações amistosas com a universidade pelos diversos congressos que participamos, mas especialmente por meio da Dra. Nancy Chacón que esteve conosco em um estágio de pós doutoramento.

Explique para a nossa audiência o que significa uma cátedra numa universidade?

 Em especial a nossa cátedra, criada por um grupo de pessoas Dra. Nancy Chacón, Dra. Maria do Carmo Leite e Doutoranda Cristina Silva e eu, com reuniões e discussões reflexivas visando, além da cooperação acadêmica entre os países irmãos termos como objetivo, também, ressignificar a obra de Paulo Freire, que se mantem absolutamente atualizada e que o seu legado humanista sobrevive ao tempo. Para Freire a educação é democrática, dialógica e popular, focada no ensino atrelado à conscientização política, é a sua pedagogia.

 Quais ações que a Cátedra pretende desenvolver?

 Se pretende uma organização em torno de projetos de pesquisa grupais e temáticas com atividades desenvolvidas por meio de uma dinâmica de interdependência e complementariedade, buscando qualidade na produção do conhecimento no pensamento de Paulo Freire.

Pretende-se realizar seminários e publicações de autoria dos integrantes da Cátedra, sempre abertos à participação, e orientará suas ações em função de incentivar, realizar e divulgar estudos e pesquisas, aglutinados em:

I – Política, Ética e Educação;

II – Epistemologia e Teorias da Educação;

III – Educação e Direitos Humanos.

Do seu ponto de vista, as animosidades contra o legado de Paulo Freire, que aconteceram durante o último governo federal, já foram encerradas?

 O educador e filósofo Paulo Freire (1921-1997) passou a ser reconhecido como Patrono da Educação Brasileira pela Lei nº 12.612/2012 por ter dedicado grande parte de sua vida à alfabetização e à educação da população pobre.

Em sua obra mais conhecida, A Pedagogia do Oprimido, traduzida em mais de 40 idiomas, o educador propõe um novo modelo de ensino, com uma dinâmica menos vertical entre professores e alunos e a sociedade na qual se inserem. Discorre reflexões sobre a relação entre opressor e oprimido de maneira que destaca as características de uma educação que liberta e que conta com a prática da liberdade. A pedagogia do oprimido é a pedagogia dos homens empenhados na luta pela superação das contradições sociais. Nesse contexto, a práxis é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo sem ela é impossível a superação da contradição opressor-oprimido. Assim, na educação defendida por ele, o homem tem a oportunidade de buscar na ação a reflexão sobre o mundo em que está inserido.

Talvez as animosidades partam de quem não compreende assim a educação, partam de pessoas que acreditam na normalidade das relações tão injustas na sociedade, talvez acreditem que não se deva oportunizar a libertação para todos. Temos a esperança de que esse cenário desapareça, mas infelizmente ele ainda exista, daí também a importância da cátedra como espaço para reflexões.

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