Encontro com Grupos de Engajamento do G20 destaca a importância da sociedade civil na agenda global que será debatida no Brasil
Na segunda-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, no Palácio do Planalto, lideranças dos Grupos de Engajamento do G20 para discutir demandas que serão levadas à Cúpula de Líderes do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. O encontro reuniu representantes de diversos setores da sociedade civil, incluindo juventude, mulheres, comunidades periféricas, e contou com a presença de grupos inéditos como o G20 Favelas e o Favelas 20 (F20), numa iniciativa inovadora que caracteriza a presidência brasileira do G20.
Lula compartilhou o momento nas redes sociais, enfatizando que o diálogo com a sociedade civil é essencial para criar soluções concretas que beneficiem tanto o cotidiano das pessoas quanto o meio ambiente. “A lista é grande, mas vale citar: grupos da sociedade civil, think tanks, juventude, mulheres, trabalho, ciências, startups, oceanos, business, parlamentos, tribunais de contas, cortes supremas, cidades e favelas. Todos focados em trazer soluções para problemas do cotidiano das pessoas e do planeta”, escreveu.
O G20 Social e sua Relevância para o Brasil
A criação do G20 Social foi uma inovação promovida pela presidência brasileira, que buscou engajar ativamente a sociedade civil e diversificar as pautas do G20. Composto por 13 Grupos de Engajamento, o G20 Social aborda temas como inclusão de jovens, fortalecimento de comunidades, e o papel das mulheres na economia, entre outros. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, explicou que o G20 Social representa uma nova trilha de discussão no fórum, ao lado das já tradicionais trilhas geopolítica e econômica.
“A iniciativa do presidente Lula em abrir esse espaço de diálogo cria uma oportunidade única para que as vozes da sociedade civil de diferentes regiões e contextos tenham impacto direto nas políticas globais”, afirmou Macêdo.
Os documentos gerados pelos grupos de engajamento serão consolidados em um relatório que será apresentado ao final do G20 Social, na plenária do dia 16 de novembro, um dia antes do início oficial da cúpula dos chefes de Estado.
Vozes das Favelas e das Mulheres no G20 Social
A presença dos Grupos de Engajamento trouxe demandas diversas e urgentes. O cofundador do F20, Rene Silva, destacou que o grupo representa a mobilização de mais de 300 lideranças de comunidades periféricas, quilombolas e indígenas do Brasil e de outros países. “A nossa voz é a voz de quem vive nas favelas, periferias, quilombos e aldeias. É só assim que acredito que vamos ter uma democracia justa e digna para todos”, afirmou Silva, reforçando o pedido para que as necessidades das favelas sejam incluídas na agenda global.
No grupo W20, Ana Fontes apresentou um documento com cinco eixos principais voltados ao empoderamento das mulheres, abordando questões como o enfrentamento à violência, participação feminina em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), empreendedorismo, justiça climática sob a ótica de gênero e a valorização da economia do cuidado. Fontes reforçou a importância de considerar também os aspectos de raça e etnia para promover uma abordagem inclusiva.
Inclusão e Mobilização Internacional
Outro destaque do encontro foi a participação da Central Única das Favelas (Cufa), cujo presidente, Preto Zezé, ressaltou que o G20 Favelas promoveu debates em 41 países e realizou mais de três mil conferências para ampliar a participação social. “Esperamos que possamos escrever uma nova página, colocando a favela no mapa do debate global”, declarou Zezé, ressaltando o compromisso de Lula em levar essas demandas aos líderes globais.
G20: Um Fórum de Relevância Mundial
O G20, composto por 19 países e dois blocos regionais (União Europeia e União Africana), representa 85% do PIB mundial e mais de 75% do comércio global. Sob a liderança do Brasil, a cúpula de 2024 ampliou seu escopo para integrar temas como mudanças climáticas, saúde, desenvolvimento sustentável e combate à corrupção, alinhando-se às necessidades globais e regionais.
A presidência brasileira do G20, que se estende até novembro de 2024, pretende posicionar o Brasil como protagonista na integração das demandas sociais e econômicas em uma agenda global abrangente e inclusiva.