No dia 20 de outubro, a cidade de Santos se prepara para uma celebração especial em homenagem ao Dia Nacional da Cultura Cubana. Este evento, que ocorrerá na data emblemática, é um tributo à rica herança cultural de Cuba e uma oportunidade para compartilhar e apreciar os aspectos únicos que definem a identidade artística e histórica deste país caribenho. Neste contexto, tivemos o privilégio de entrevistar Emanuel Tenjerina, presidente da Associação de Amizade com a Coreia – KFA-Brasil.
Quais são os objetivos da KFA-Brasil?
A Associação de Amizade com a Coreia (KFA, em inglês) é uma organização internacional, com escritório em Pyongyang e é liderada por Alejandro Cao de Benos, que vive na Espanha, onde mantemos nossa sede. Alejandro é uma voz ativa na solidariedade à RPDC (Coreia do Norte) há muitos anos e sempre acreditou na divulgação de informações e desmistificações acerca da realidade norte-coreana diante das sucessivas campanhas de ataques contra o país asiático. Portanto, desconstruir mitos é uma de nossas principais premissas. Mas também atuamos no aspecto cultural, pois há muito da cultura coreana, em seus aspectos desenvolvidos após a separação em duas Coreias, que não conhecemos. Também temos espaço para atuação política, comercial e apoio ao serviço diplomático, estabelecendo contatos com outras embaixadas e grupos de solidariedade. A KFA tem ramificações em cerca de 120 países e conta com mais de 10.000 membros. É com muita felicidade que compartilho que o Brasil é um dos países com maior número de membros.
O relacionamento entre Cuba e a República Popular Democrática da Coreia, conhecida no ocidente como Coreia do Norte, é histórico. Quais líderes cubanos visitaram a Coreia do Norte?
De fato, Cuba e a RPDC nos dão um grande exemplo de amizade duradoura, prolífica e verdadeira. São inúmeras as histórias de cooperação entre esses países, desde a esfera militar, diplomática e também socioeconômica. Em termos de lideranças, uma das primeiras e memoráveis visitas de representantes do governo cubano foi a de Ernesto ‘Che’ Guevera em 1960, visita esta que impressionou Che, especialmente pelo fato de que a Guerra de Libertação da Pátria (aqui no Brasil conhecida como Guerra da Coreia) tinha cessado há apenas 7 anos e as cidades norte-coreanas estavam plenamente reconstruídas. Fidel Castro também realizou uma visita em 1986 e dois anos depois apoiou a RPDC no boicote às Olimpíadas de Seul. Mas a visita mais recente, feita em 2018, foi pelo camarada Miguel Diaz-Canel, atual Presidente de Cuba.
Fidel Castro é muito popular na Coreia. Como os cubanos são vistos por lá?
Conforme conversava com pessoas de lá, pude ver que Fidel era e segue sendo uma das maiores referências revolucionárias para os norte-coreanos. A solidariedade internacional de Cuba também não passa despercebida, especialmente o programa de envio de médicos e profissionais da saúde para diversas partes do mundo afetadas por epidemias. Além disso, a música cubana também tem um lugar cativo no coração de muitos norte-coreanos, e eles veem a animação destas como mais uma demonstração do quão acolhedores são os cubanos. É um povo realmente amado pelos norte-coreanos.
Quais são os pontos de semelhança existentes entre o socialismo cubano e o socialismo coreano?
A questão da autodeterminação é muito forte em diversos movimentos de libertação de países em desenvolvimento, e tanto Cuba como a RPDC encontram fortes semelhanças desde suas mobilizações guerrilheiras, os coreanos contra os fantoches dos japoneses – e, posteriormente, os fantoches estadunidenses – e os cubanos, desde a formação do M-26-7, contra os agentes estadunidenses. Após as vitórias revolucionárias, o socialismo cubano e o coreano seguiram algumas das mais fortes experiências de soberania popular, com instrumentos consultivos abarcando diversos temas e causas. São dois exemplos para o mundo e, por serem tão enraizados e populares, garantiram a sobrevivência do socialismo após a queda da URSS. São bastiões da esperança para nós comunistas.