Luciana Santos fala sobre investimentos do Novo PAC em estrutura científica

O Brasil será o primeiro país da América Latina a ter um laboratório de máxima contenção biológica, conhecido como NB4, e o primeiro no mundo a ser conectado a uma fonte de luz síncrotron. Este laboratório permitirá condições inéditas para o monitoramento e o desenvolvimento de pesquisas com agentes biológicos das classes 3 e 4, que são capazes de causar doenças graves e têm alto grau de transmissibilidade.

O novo laboratório receberá um investimento de R$ 1 bilhão, previstos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Esse tema foi abordado no programa “Bom Dia, Ministra” desta quarta-feira (5/6), com a participação da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos. Para a ministra, esse investimento demonstra que o setor é uma prioridade para o Governo Federal.

“A singularidade do nosso equipamento é que ele será o único no mundo conectado à luz síncrotron, o que permite observar microrganismos em escala nanométrica. Isso possibilita identificar rapidamente doenças com alto grau de transmissibilidade, antecipando-se a fenômenos como a Covid-19”, afirmou a ministra.

Em relação ao acelerador de partículas Sirius, a maior e mais complexa infraestrutura científica do país, a fase 2 do projeto receberá R$ 800 milhões do Novo PAC. Até 2026, a máquina contará com 10 novas estações de pesquisa e 38 linhas de luz.

A luz síncrotron é utilizada para investigar a composição e a estrutura da matéria em diversas formas, possibilitando o desenvolvimento de soluções para saúde, agricultura e meio ambiente. No total, o Novo PAC investirá quase R$ 8 bilhões em seis programas estratégicos para impulsionar a ciência e beneficiar toda a população brasileira entre 2023 e 2026.

Apoio ao Rio Grande do Sul

Durante a conversa com radialistas de várias regiões, Luciana Santos destacou as ações do ministério para apoiar a população gaúcha e reconstruir o Rio Grande do Sul. Ela mencionou a abertura de uma linha de crédito emergencial de R$ 1,5 bilhão para empresas de inovação afetadas e investimentos de R$ 65 milhões para reparos em equipamentos de centros de pesquisa.

O conjunto de iniciativas inclui a antecipação do pagamento de bolsas e auxílios do CNPq e Capes, além da prorrogação do prazo de 5.532 bolsas a pesquisadores.

“Também disponibilizamos um financiamento específico para as empresas do Rio Grande do Sul, permitindo que qualquer empresa utilize 40% desse valor como capital de giro. Isso pode incluir reservas para pagamento de pessoal como parte do planejamento de reconstrução. Sessenta por cento dos recursos são destinados a micro e pequenas empresas, e todas as empresas que praticam algum tipo de inovação podem se candidatar. Além disso, há um pacote para institutos de pesquisa e para pesquisadores que muitas vezes possuem equipamentos pessoais nas universidades”, explicou Luciana Santos.

A ministra também descreveu o monitoramento por satélites, em parceria com outros países, para mapear regiões afetadas e prevenir os impactos das mudanças climáticas na população. Esse mapeamento por satélite também foi utilizado para definir as áreas onde a população gaúcha passou a ter direito ao Auxílio Reconstrução de R$ 5,1 mil.

Luciana Santos ressaltou que as evidências científicas mostram um fenômeno de aquecimento global que causa eventos extremos. “A ciência existe para não apenas mostrar essas evidências, mas também para mitigá-las e fornecer dados sobre como isso acontece”, explicou.

“Nosso ministério desempenha um papel crucial na previsão meteorológica. Temos o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), que utiliza dados de satélite e estações hidrológicas e geológicas para medir deslizamentos de terra e enchentes.”

A chefe do MCTI destacou que conta com um conjunto de satélites e dados, tarefa que não se limita ao Cemaden. “Usamos o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que monitora o desmatamento e utiliza dados de 270 satélites de 17 agências ao redor do mundo. Esses dados nos ajudam a dimensionar enchentes e prever eventos futuros”, relatou.

“Para providenciar as bolsas de ajuda da reconstrução de R$ 5,1 mil às pessoas afetadas pelas enchentes, precisamos ter a mancha, ou seja, definir a região geográfica e cruzar esses dados com outros do Ipea e Dataprev, para garantir que ninguém que precise fique sem atendimento”, explicou a ministra.

Luciana Santos também mencionou que o Governo Federal vem ampliando a capacidade de monitoramento diário na Região Amazônica, o que resultou na redução de 40% do desmatamento nos primeiros três meses deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. Isso contribui para o compromisso do país de zerar o desmatamento da floresta até 2030.

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