Conferência global realça padrões de identificação na saúde

Conferência global realça padrões de identificação na saúde
Conferência global realça padrões de identificação na saúde

38ª Healthcare Global Conference, promovida pela GS1, representada no país pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, reúne em São Paulo 450 especialistas em saúde de 55 países para a troca de ideias e exposição de tendências sob o tema “Conectando o futuro da saúde com uma simples leitura de código”. Desde o dia 03 de outubro até hoje várias palestras e painéis contribuíram para a disseminação dos padrões de identificação de medicamentos e dispositivos médicos e hospitalares que tornam possíveis os processos de rastreabilidade na cadeia de suprimentos. Esses são os fatores que dão início a várias etapas de gestão para aperfeiçoar os serviços de cuidados da saúde e melhorar a experiência do paciente, que começa pela sua segurança em relação à procedência de medicamentos e insumos.

Nessa 38ª edição da conferência que já percorreu vários países – agora pela segunda vez no Brasil –, o principal objetivo de reunir profissionais do setor é o intercâmbio de conhecimento e experiências de gerenciamento de dados de provedores de saúde, logística hospitalar e tendências regulatórias farmacêuticas, além da implantação dos padrões GS1 na cadeia de suprimentos farmacêutica e hospitalar.

Na abertura do dia 03, Renaud de Barbuat, presidente e CEO da GS1 Global, comentou que uma das grandes forças da instituição é o trabalho em comunidade. “É poder dividir a paixão de contribuir com a sociedade e com o setor da saúde em todo o mundo. Nós apoiamos stakeholders a reduzirem riscos. Colaboração é o coração da GS1”.

“Este é um evento anual único, no qual todo o ecossistema do setor – fabricantes, vendedores, provedores e reguladores – se reúne para dividir cenários globais e trocar conhecimento”, diz. Para ele, a edição brasileira é muito importante, pois o país está muito próximo à GS1 na construção de uma saúde ainda mais segura para os pacientes.

Para Géraldine Lissalde-Bonnet, vice-presidente de Healthcare da GS1, o trabalho da entidade no setor representa uma grande chance de garantir o acesso aos cuidados da saúde ao maior número de pessoas em todo o mundo. “Com a implementação dos códigos da GS1, temos a oportunidade de garantir a utilização de medicamentos e instrumentos confiáveis”. De acordo com Géraldine, “a medicina personalizada que tanto almejamos fica mais próxima de acontecer; estamos muito engajados e envolvidos neste movimento”.

“O setor da saúde é um dos mais importantes para nós da GS1 Brasil. Depois de 13 anos, voltamos a sediar a conferência global, que nos traz a evolução no conhecimento e a troca de experiências internacionais com os profissionais do Brasi”, afirma João Carlos de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil. “Certamente sairemos desse encontro com muitos projetos para aperfeiçoar os sistemas de rastreabilidade e segurança do paciente”.

Já Grant Courtney, líder de Rastreabilidade do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), realçou a importância do uso dos Padrões GS1 para que medicamentos autênticos cheguem a pessoas necessitadas em todo o mundo com segurança. O executivo esclarece que a Unicef realiza o rastreamento de forma global, pois a operação está baseada em cinco pilares: dashboard, que permite não começar do zero em cada missão; reutilização em diferentes campos; interoperabilidade, já que medicamentos e provisões são comprados em todo o mundo, e é preciso garantir a procedência, a autenticidade e a segurança; comunidade, pois todo o trabalho é considerado como uma grande família; e velocidade, para que tudo seja feito rapidamente. Grant sinaliza “a parceria com a GS1 como grande ponto para o sucesso desta importante engrenagem”.

Na opinião de João Carlos de Oliveira, a GS1 desempenha um papel fundamental nesse contexto. “O uso dos padrões globais e abertos para identificar produtos e materiais nas instituições hospitalares de todo o mundo facilita os processos de automação da rastreabilidade”. Oliveira explica que “a rastreabilidade garante a origem dos insumos, o acompanhamento detalhado do fluxo de distribuição e o registro de informações vitais como data de fabricação, lote e data de validade”.

Mais dados, menos desperdício

O fluxo de informações entre os integrantes do ecossistema do setor tem papel fundamental para melhores resultados. Dados desestruturados levam a erros, ineficiência da cadeia de suprimentos, atrasos, aumento de custos e comprometimento da segurança do paciente.

Um dos painéis do encontro – “Construindo capacidades para apoiar o gerenciamento de dados de última geração em prestadores de serviços de saúde” – contou com o relato de Andrew Raynes, CIO do Royal Papworth Hospital (Reino Unido), sobre a colaboração do uso da tecnologia aliada aos padrões GS1 para a formação de um ecossistema saudável para o hospital. “Todos os suprimentos que compramos possuem algum código de identificação da GS1. Também elaboramos o escaneamento tanto dos remédios quanto das pulseiras dos pacientes”, declara Raynes. “Com isso, nosso nível de desperdício caiu de 5% a 1% e conseguimos monitorar 60 mil pacientes remotamente. Reduzimos erros e maximizamos os esforços das equipes. É um projeto de melhoria contínua”, explica.

No Brasil, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz busca otimizar processos e aprimorar a eficácia para atingir os objetivos traçados em prol do melhor atendimento. Fátima Silvana Furtado Gerolin, enfermeira-chefe da instituição, mostrou os resultados da digitalização dos dados integrados entre medicamentos ministrados aos pacientes, crachá de identificação dos profissionais de saúde e pulseira do paciente. “Conseguimos diminuir em 75% as notificações de eventos adversos relacionados à ministração de medicamentos, melhoramos a segurança dos profissionais de saúde e houve até diminuição de custos”.

Marta Garcia, diretora executiva da Clínica Helios Salud, contou a história da instituição, que, com a ajuda dos padrões GS1, conseguiu 98% de adesão dos pacientes ao tratamento de HIV. “Eles chegam para as consultas com QR Codes (GS1 DataMatrix), o que preserva suas identidades”.

Garcia explica que “também rastreamos a retirada de medicamentos, além de terem criado um projeto de monitoramento para as farmácias e desenvolvemos um app para os médicos verem o histórico clínico dos pacientes”.

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