Tarcísio admite erro sobre uso de câmeras em uniformes da PM após casos de violência policial

Rovena Rosa/Agência Brasil

Em meio às fortes repercussões dos recentes casos de violência policial em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) admitiu nesta quinta-feira (5) que estava “completamente errado” ao criticar a implementação de câmeras corporais nos uniformes dos policiais militares. A declaração marca um recuo significativo de sua posição anterior e vem após a pressão crescente por mais transparência e controle nas ações das forças de segurança.

“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão (das câmeras corporais). Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tinha, que não tem nada a ver com a segurança pública. Hoje, eu estou absolutamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. Vamos não só manter o programa como ampliá-lo e tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia”, afirmou o governador, em declaração ao jornal O Globo.

A fala acontece em um momento delicado para o governo paulista, que enfrenta uma enxurrada de críticas e manifestações após a divulgação de vídeos que mostram abusos cometidos por agentes da Polícia Militar. Entre os casos mais recentes estão relatos de violência gratuita, execuções e abordagens arbitrárias, que colocaram a PM sob os holofotes da opinião pública e de organizações de direitos humanos.

Falhas estruturais e imagem da PM

Em sua declaração, Tarcísio também mencionou a necessidade de reformular o treinamento e a reciclagem dos policiais, apontando essas lacunas como um dos fatores que contribuem para os desvios de conduta na corporação. Ele afirmou que já cobrou do comandante-geral da PM, coronel Cássio Araújo, soluções para os problemas estruturais que permitem o descumprimento das normas operacionais por parte de alguns agentes.

“Estamos entrando onde tem que entrar e, claro, quando acontecem esses casos, se esculacha demais a instituição. Isso agride a gente e é hora de ter humildade e dizer que alguma coisa não está funcionando”, destacou o governador.

Apesar dos recentes escândalos, Tarcísio fez questão de ressaltar que a maior parte da corporação é composta por “excelentes profissionais” e que é preciso evitar generalizações que prejudiquem a imagem da PM como um todo.

Medida de urgência

A ampliação do programa de câmeras corporais, segundo especialistas, é vista como uma ferramenta eficaz não apenas para coibir abusos, mas também para proteger os policiais contra falsas acusações. O uso de tecnologia tem sido defendido por estudiosos da segurança pública como um passo importante rumo à transparência e ao controle social das ações policiais.

O recuo do governador sinaliza uma tentativa de recuperar a confiança da população e apaziguar as críticas de setores da sociedade civil e da imprensa, que vinham cobrando uma postura mais firme diante dos episódios de violência.

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