Um incidente de vazamento de gás natural gerou apreensão na Rua Doutor Cochrane, localizada no bairro Paquetá, em Santos. O acidente ocorreu durante as obras de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), quando uma retroescavadeira perfurou uma adutora de gás, levando à interrupção do fornecimento e ao isolamento de quatro quarteirões da região.
O Corpo de Bombeiros informou que o vazamento foi identificado após a perfuração da adutora. O forte odor de gás natural se espalhou rapidamente pelo local, causando preocupação entre moradores e comerciantes. De imediato, as equipes de emergência atuaram para controlar a situação e minimizar os riscos de explosão e intoxicação.
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), responsável pela obra, garantiu que todos os protocolos de segurança são rigorosamente seguidos pelos funcionários. No entanto, o incidente levantou questões sobre a segurança e o planejamento das obras, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas.
Reflexos da Negligência Urbana
A região afetada, situada entre os bairros Paquetá e Vila Nova, é frequentemente descrita como uma “faixa de Gaza santista” devido à sua degradação e marginalização ao longo dos anos. Historicamente, essas áreas têm sofrido com a falta de investimentos e planejamento urbano adequado, resultando em um cenário de abandono e precariedade.
A situação é agravada pela falta de atenção a documentos públicos disponíveis, como o Sistema de Informação Geográfica de Santos, que poderia ter sido consultado para evitar o acidente. A negligência com a segurança e o bem-estar dos moradores e comerciantes locais reflete uma política de zoneamento que, ao longo das décadas, relegou esta parte da cidade a um estado de desuso e abandono.
Quem Se Importa?
O incidente traz à tona uma crítica recorrente sobre a falta de atenção a bairros menos prestigiados da cidade. Enquanto regiões como Gonzaga e Ponta da Praia recebem maior visibilidade e investimentos, áreas como Paquetá são frequentemente deixadas de lado. A pergunta que emerge é: quem se importa com o enésimo vazamento de gás em uma área esquecida?
Apesar da gravidade do vazamento, a resposta da comunidade e das autoridades reflete uma preocupação mínima com esses “quartos de despejo” urbanos. Os moradores e comerciantes locais, que ainda resistem em uma área de tamanha degradação, são aqueles que mais sofrem com a negligência e a falta de políticas públicas eficazes.
Medidas e Prevenção
Após o incidente, as equipes de segurança trabalharam rapidamente para conter o vazamento e restaurar a normalidade. O fornecimento de gás foi restabelecido após horas de trabalho intenso. A EMTU afirmou que revisará os protocolos de segurança para evitar futuros acidentes e garantiu apoio aos moradores afetados.
Entretanto, é imperativo que as autoridades municipais e estaduais reavaliem suas políticas de zoneamento e investimento, buscando uma distribuição mais equitativa de recursos e cuidados urbanos. A segurança e a qualidade de vida dos moradores de todas as regiões da cidade devem ser prioridades, independentemente de seu prestígio ou localização.
O vazamento de gás na Rua Doutor Cochrane é um alerta não apenas sobre a segurança nas obras, mas também sobre a necessidade de uma cidade mais inclusiva e justa, onde todos os bairros recebam a devida atenção e cuidado.
um vazamento de gás natural ocorreu na Rua Doutor Cochrane, no bairro Paquetá, em Santos. A rede de abastecimento foi furada durante as obras de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Para evitar riscos e resolver a situação, o fornecimento precisou ser paralisado e quatro quarteirões foram isolados.
De acordo com informações divulgadas pelo Corpo de Bombeiros, uma retroescavadeira perfurou uma adutora de gás. Com o contato, a substância vazou e um forte odor tomou conta do local.
Quem se importa? Não foi no Gonzaga, nem na Ponta da Praia, foi na “faixa de Gaza santista”, aquela área desconhecida da cidade, entre o Paquetá e a Vila Nova, cuja degradação é resultado de décadas de aplicação de um zoneamento de uso do solo que transformou aquele pedaço de cidade no quarto de despejo, no vale-tudo que é hoje. Quem se importa com o enésimo vazamento da rede de gás, que aliás está disponível para qualquer munícipe no Sistema de Informação Geográfica de Santos. Bastava a empreiteira dar uma olhadinha, antes de acertar a tubulação e colocar em risco aqueles que são os esquecidos da cidade, moradores e comerciantes que insistem em sobreviver ali. Ali onde a cidade nasceu, diga-se.
Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU) garantiu que todos os funcionários que trabalham na obra respeitam e seguem os protocolos de segurança.