Mercado de certificação digital cresce e busca modernização

Mercado de certificação digital cresce e busca modernização
Mercado de certificação digital cresce e busca modernização

O avanço dos serviços digitais está redesenhando a forma como cidadãos e empresas acessam soluções públicas e privadas. Em meio a essa transformação, o certificado digital ICP-Brasil se consolida como peça-chave, garantindo segurança e eficiência às transações eletrônicas. Até a primeira quinzena de dezembro de 2024, a ICP-Brasil já emitiu mais de 10,5 milhões de certificados digitais, superando em 11,3% as emissões de todo o ano anterior e ultrapassando a projeção anual do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), que estimava 10,4 milhões de emissões. Esse desempenho estabelece um novo recorde histórico.

“Ao ultrapassarmos os 10,5 milhões de emissões, estamos testemunhando não apenas um crescimento expressivo, mas também a consolidação do certificado digital como uma ferramenta indispensável para a digitalização segura do Brasil”, afirma Leonardo Gonçalves, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Certificação Digital (ANCD), entidade que representa mais de 95% do mercado de certificação digital.

O impacto do certificado digital no cotidiano

Outro dado que destaca o fortalecimento do setor em 2024 é o volume de assinaturas eletrônicas realizadas com certificados ICP-Brasil.

“Todos os dias, mais de 2 milhões de assinaturas digitais são feitas com certificados armazenados em nuvem. Esse dado é um reflexo da confiança e da praticidade oferecidas pela certificação digital, além de demonstrar que essa tecnologia está integrada ao cotidiano de empresas e cidadãos. É um sinal de que a certificação digital está se consolidando como uma ferramenta indispensável para garantir segurança e confiabilidade nas transações eletrônicas no Brasil”, destaca Daniel Fabre, diretor-presidente da ANCD.

Os números mostram a importância do certificado digital ICP-Brasil em diversos setores da economia. Na saúde, ele tem sido utilizado para viabilizar a telemedicina, permitindo a autenticação de prontuários e receitas eletrônicas. No Judiciário, o certificado possibilita o funcionamento do Processo Judicial Eletrônico (PJe), contribuindo para a autenticação dos trâmites legais. Na contabilidade, ele apoia a digitalização de processos, e na administração pública e nos recursos humanos, facilita a assinatura de contratos, admissões e outros procedimentos.

No setor financeiro, o certificado digital ICP-Brasil desempenha um papel relevante ao fortalecer a segurança de transações e operações digitais, contribuindo para um ambiente de negócios mais seguro. Ferramentas como o Pix utilizam a certificação digital para garantir a segurança do sistema. Na administração pública, o certificado é amplamente utilizado e aceito em diferentes esferas, incluindo acordos de reconhecimento com o Mercosul.

Segurança e eficiência no ambiente digital

A expansão da certificação digital surge como uma medida para enfrentar o aumento dos ataques cibernéticos. Um estudo recente do Instituto Nacional de Combate ao Cibercrime (INCC) indicou que essas invasões resultaram em perdas de R$ 2,3 trilhões ao Brasil em 2024, afetando a capacidade operacional das empresas, o que provocou fechamento de vagas, redução da renda e queda no poder de compra dos trabalhadores. Segundo o levantamento, o Produto Interno Bruto (PIB) do país poderia ter sido 18% maior se esses problemas tivessem sido evitados.

“Investir em identificação segura não é um mero detalhe, mas uma necessidade estratégica para proteger a segurança financeira e a reputação de empresas e cidadãos”, alerta Fabre. Ele acrescenta que a ICP-Brasil oferece o nível de segurança necessário para atender aos mais altos padrões de confiabilidade, com soluções que equilibram praticidade e proteção.

Modernização e novos horizontes

Em 2024, a ICP-Brasil passou por uma significativa reformulação, diversificando seu portfólio de soluções. A partir de 2025, além de modernizar os certificados para pessoas jurídicas (Selo Eletrônico) e dispositivos e aplicações, o foco será ampliar o acesso aos certificados digitais para um número maior de cidadãos. A meta do governo é que 20% da população tenha acesso a esses certificados, promovendo inclusão digital e fortalecendo a transformação tecnológica.

“Essa reformulação trará benefícios práticos, como a simplificação de processos e a segurança de dispositivos conectados, uma realidade que ganha cada vez mais evidência. O selo eletrônico, por exemplo, agilizará a emissão de notas fiscais e outros documentos corporativos, dando mais segurança para as empresas no ambiente digital”, explica Gonçalves.

A emissão de certificados de forma totalmente remota, por meio de videoconferência, representou um avanço importante para a ICP-Brasil, tornando o processo mais acessível e prático. Além disso, o armazenamento de certificados na nuvem, com acesso via celular, trouxe uma nova dinâmica para assinaturas eletrônicas realizadas por cidadãos e empresas.

“Uma tecnologia com mais de 20 anos permanece relevante quando consegue se adaptar às mudanças, mantendo seus pilares essenciais de segurança e confiabilidade”, destaca Fabre.

Para 2025, estão previstas outras inovações, com destaque para a implementação da AR Eletrônica, que deverá simplificar o processo de emissão de certificados digitais e ampliar seu alcance entre os usuários.

“Estamos investindo em modernização para acompanhar um mercado em constante crescimento. Nosso objetivo é manter a ICP-Brasil como referência em segurança digital”, afirma o presidente-executivo da ANCD.

Além de tornar o processo mais ágil, a nova modalidade deve introduzir diferentes formas de aplicação e novos critérios para a precificação dos certificados digitais. “A ANCD e outros players do mercado estão trabalhando para entregar, em 2025, uma ICP-Brasil mais leve e intuitiva, combinando o que há de mais avançado em criptografia com usabilidade aprimorada e maior acessibilidade. O melhor dos dois mundos para o usuário e para a segurança digital no Brasil”, conclui Leonardo Gonçalves.

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