A ONU divulgou no último sábado (25), no Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, um relatório alarmante sobre o feminicídio no mundo. Em 2023, cerca de 85 mil mulheres foram assassinadas intencionalmente, das quais 60% foram mortas em contextos conjugais ou familiares. Isso significa que, a cada 10 minutos, uma mulher perde a vida vítima de parceiros íntimos ou familiares.
O documento ressalta que o feminicídio é a forma mais extrema de violência contra mulheres e meninas, transcende fronteiras e atinge todas as classes sociais e idades. Entre as regiões mais afetadas estão a África, que registra as maiores taxas, com 21,7 mil vítimas, seguida pelas Américas e Oceania. Na Europa e Américas, a maioria dos casos ocorre no âmbito doméstico, reforçando a necessidade de combater a violência dentro de casa.
Contexto brasileiro
No Brasil, uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, em parceria com o Ministério das Mulheres, trouxe dados igualmente preocupantes. Cerca de 21% das mulheres afirmaram já ter sido ameaçadas de morte por parceiros ou ex-companheiros. Estima-se que 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem situações de risco de feminicídio.
Além disso, o Brasil lidera a campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres”, ampliando a versão global de 16 dias para incluir questões raciais e de gênero. A violência contra mulheres negras, que representam a maioria das vítimas no país, é um tema central.
Feminicídio: o que pode ser feito?
Especialistas destacam que prevenir feminicídios exige ações integradas que envolvam o fortalecimento das políticas públicas, como o Pacto Nacional de Prevenção dos Feminicídios, anunciado pelo Ministério das Mulheres. Além disso, é fundamental aumentar o acesso à justiça e promover campanhas educativas para desconstruir padrões culturais que perpetuam o machismo.
A diretora de Proteção de Direitos do Ministério das Mulheres, Pagu Rodrigues, enfatizou a importância do debate contínuo com a sociedade: “Estamos comprometidos em pactuar ações com todos os estados do Brasil e promover entregas concretas que previnam todas as formas de violência contra as mulheres”.
Um compromisso coletivo
Os dados globais e nacionais reforçam que a violência contra mulheres é um problema estrutural, que precisa ser enfrentado de forma prioritária. Além da atuação de governos e organizações, o engajamento da sociedade civil é crucial para romper o ciclo de violência.
No Brasil e no mundo, o feminicídio é um crime evitável. É preciso investir em políticas de prevenção, proteção às vítimas e punição rigorosa aos agressores. Que o 25 de novembro sirva como um alerta contínuo para que mulheres possam viver sem medo, livres da violência e do machismo.